13 maio, 2007
09 maio, 2007

Dá entrevista a rede mexicana de televisão Tv Azteca, em seguida ao repórter do programa Vitrine, Rodrigo Rodrigues. Em ambas as conversar, peteca a bola para as câmeras. Quando me aproximo para conversar sou recebido com um discurso afiado que parece ter sido ensaiado em casa, “na zona norte”. Frases de impacto, “Depois de Deus é o Papa”, “É a maior felicidade da minha vida”, “Estou pagando uma promessa” recheiam a conversa e algumas outras matérias.
Ao final, recebo um cartão do entrevistado, escrito: Zaguinha Promoções – O rei das embaixadas, Show Arte e Habilidade. Manoel me conta que também já apareceu na São Silvestre carregando o Cristo Redentor. Tenho de deixá-lo, pois mais uma câmera se aproxima para flagrá-lo em penitência.

Laura Letícia, 19 anos, aproveita a folga no meio do expediente para distribuir à população panfletos sobre a visita do Papa. “Sou católica”, afirma. Tarcia Cristina, 19 anos, não distribui folhetos, mas fala com maior fervor do que a amiga. “É o segundo Deus. Ele quer o bem”, conclui. Arrisca até uma comparação com o Papa anterior, “Ele [Bento] não fez metade ainda, mas está começando”. Ambas prometem ficar até o pronunciamento, trabalho só depois.
Me despeço de Laura e Tarcia. Na seqüência, um senhor de meia idade, fita vermelha na cabeça e vestido branco pára na minha frente e começa a tocar... (não sei o nome disso; veja na foto!). O som é estranho e logo atrai a atenção de todos. Inclusive da equipe de filmagem que ao lado fazia matéria com Zaguinha – O rei das embaixadas. No vestido branco do tocador messiânico uma referência ao livro de Apocalipse, versículo 22. Da mesma maneira que chegou, foi embora sem dizer uma palavra.
Converso agora com Gabriela Coque, 18 anos. Nascida na Bolívia, se diz católica desde criança. Ela e sua amiga, Carla Gutierrez, 21 anos, vendem por R$ 5 reis um certificado de participação no pronunciamento do Papa à população. Ambas participam da Igreja da Família e estão emocionadas. Questiono Gabriela o que diria ao Papa se tivesse a oportunidade de conversar com ele, “Não sei. Estaria feliz em abraçá-lo e pedir a benção”.
Caminho sentido a entrada do metrô, cruzo com mais três moços vestindo camisas idênticas as de Gabriela e Carla. Na mão, os rapazes levam muitos certificados de participação.
Fotos: Daniel Theodoro