03 agosto, 2007

Café da manhã

O marido chega à mesa do café da manhã. Um corpo que apresenta os primeiros sinais de uma tímida velhice.

A esposa mexe a colher no bule para espalhar o açúcar. O ponto de doçura é atingido sem necessidade de experimentação. Trinta anos de casamento revelam o conhecimento exato das vontades da companhia.
Amor que nasceu ainda inseguro, maturidade que chegou. Hoje, dois filhos criados e o sonho de morar no interior.
Ela inicia o diálogo para afugentar o sono que persiste. Ele concorda enquanto leva a xícara de café à boca, em seguida: - Lembra do Edson? Se aposentou. Saiu de lá, está todo mundo parando. Ela murmura um som de concordância: - Só você ainda não parou, diz. – É! Não parei, segue um sorriso.
A breve recordação se inicia. O início da vida de casados, a chegada do primogênito, as horas extras na empresa, as horas na sala de aula, o retorno aos estudos, o segundo filho, dívidas, a conclusão da faculdade, carro velho, dívidas, a pós-graduação.
Hoje tudo parece menos amargo. São boas recordações. – Os desafios me fizeram grande, escapa um frase da boca dele. - Fizeram sim, responde ela.
Nunca me esquecerei desse café da manhã na companhia de meus pais.

3 Comments:

Blogger Talita Souza Silveira said...

Pode postar muitos textos,mas nenhum supera este...
Sempre me emociono!!!
bjos

quarta-feira, novembro 28, 2007 3:31:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Quero que meus filhos tenham a mesma visão, o mesmo sentimento que vc expressou de maneira tão sensível neste texto. Lindo!!!

terça-feira, janeiro 22, 2008 8:56:00 AM  
Blogger debora camargo said...

De repente me vi mum café da manhã em minha casa;

eu e o Fabinho conversando qualquer coisa sobre o dia a dia.

estamos na fase do "turbilhão" que vc bem descreve.

vi nosso futuro...e deu uma certa paz

Dani, que texto!
Obrigada por ele.

sexta-feira, fevereiro 15, 2008 2:17:00 PM  

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