11 agosto, 2007

Hoje entendo

Lembro-me pouco daquela época, não entendia.

Era chato abrir mão das brincadeiras com os vizinhos para ter de ler livros e recortar palavras nos jornais. Mas era a condição imposta por meus pais, - ou faz a fono ou nada de esporte.

Queria ser atleta, não achava sentido algum ir ao consultório da fonoaudióloga. Ia lá para conversar sobre os livros que lia durante a semana por indicação da doutora. Boas recordações, somente da recepcionista muito divertida – loira e aparelho nos dentes –, além da descoberta de um novo mundo.

Conheci lindas histórias no hábito de percorrer com os olhos períodos curtos de momentos infinitos. A convite de Drummond, penetrei no Reino das Palavras e lá vi poemas que esperavam ser escritos.

Assumi, pois, o desafio de corrigir minha balda para comunicar às gentes o mover da vida. Hoje sou jornalista e entendo o propósito divino daquele problema fonético pueril.

Sem a pretensão da comparação, inspira-me o exemplo de Moisés, nas Sagradas Escrituras. Gago e pouco eloqüente, Moisés recebeu a seguinte resposta do Senhor: “Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca, e te ensinarei o que hás de falar”. Moisés foi e livrou o povo de Israel da escravidão no Egito.

Não quero tanto. Só buscarei a melhor comunicação, nem que para isso tenha que entrevistar Moisés no Céu.